terça-feira, 27 de março de 2012

A impressão da cor

De volta ao reino dos pigmentos... ciano, magenta e amarelo.


Lindo de ver é uma escola na avenida.
Lindo de ver é uma escola na avenida.
Lindo de ver é uma escola na avenida.


K.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Revisitando o Atelier de Gravura em Metal com Evandro Carlos Jardim - SESC Pompéia - 2001

Abro um caderno de capa dura preta e páginas sem pauta de um papel espesso.

Na primeira página, escrito a a lápis:
Atelier de Gravura em Metal                                   09/03/2001
SESC Pompéia                                      Evandro Carlos Jardim


Técnica
Poética
Praxis Artistica -> interação: manifestação poética; técnica; práxis

Ateliê -> estado mental, antes de ser um espaço físico.

Tradição -> é transmissão de força vital de uma geração para outra.

E foi assim que o Evandro iniciou,...

No dia 01/06, encontro outra anotação sobre ateliê:
Ele diz:
"Atelier é um estado mental!
A gente carrega junto!
Precisa alimentar o espírito!"

Viaje!"

Uma semana mais, e ele diz:

Atelier: instala a infra-estrutura para fazer!
Arte: intenção deliberada; acontece com sua vontade e não por acaso.
Arte: um ato de dignidade!A arte dignifica o ser! é ousadia! é aventura!
Artista: antes artesão - mas não só artesão. O artista vai ser percebido e entendido pela sua produção. 


...e isso é só o começo!

K.

domingo, 18 de março de 2012

Recomendações de Ítalo Calvino a esse milênio

Valores que lhe são especialmente caro:

Leveza. 
"fui levado a considerar a leveza antes um valor, que um defeito" (p.15)
Como a nuvem, o vento, a neve,...

Rapidez. 

Exatidão. 

Visibilidade. 

Multiplicidade. 


Consistência.


A influência de Ítalo Calvino no processo criativo desta pesquisa.

Referência:
CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas; Trad. Ivo Barroso. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

Museus pessoais: uma narrativa auto-referente


 
 Os exemplos de artistas que põem a sua própria vida no âmago da sua arte não faltam. É aquilo a que chamamos museus imaginários ou pessoais (ou ainda narração auto-fictícia) 
(ROUGE, 2003, p.30).




Segundo a autora Isabelle de Maison Rouge, "o artista atual põe de boa vontade a sua vida, a vida de todos os dias, em cena no seu trabalho. Talvez isto seja uma nova formulação da <vaidade> do século XVII, cujo objetivo era recordar a brevidade da nossa existência terrestre” (2003, p.34).



Marcel Duchamp

Andy Warhol
 
Marcel Broodthaers


Cindy Sherman

Marina Abramovic

Sophie Calle

Luise Weiss



Referências:


ROUGE, Isabelle de Maison. A Arte Contemporânea. Ed. Inquérito, Portugal, 2003.

sábado, 17 de março de 2012

Visitando museus de arte (inacabado)

(Postagem inacabada)

O que eu já visitei:


Alemanha

Berlim


Ilha dos Museus


Museu Pergamon


Alte Nationalgalerie


Altes Museum


Neues Museum


Hamburger Bahnhof


Museu do Holocausto

Museu Haus am Checkpoint Charlie



Kassel

12ª Documenta


Argentina

Buenos Aires

MALBA

Museu Nacional de Belas-Artes



Bélgica

Bruxelas

Reais museus de Belas-Artes da Bélgica



Brasil


São Paulo

MASP

MAM - SP

Museu Lasar Segal

Pinacoteca do Estado

Estação Pinacoteca

CCBB

MAC

Fundação Bienal

Memorial da Resistência



Rio de Janeiro

MAM - RJ

CCBB

MAC - Niterói

Museu Nacional de Belas Artes



Minas Gerais

Museu do Aleijadinho

Inhotin


Paraná

MAC


Santa Catarina

MASC

Casa de Victor Meireles


Pernambuco

Recife

MAM - PE




Distrito Federal

Brasília

Museu Nacional

Catedral




Salvador

MAM - BA


Neuquén


Chile

Santiago


Cuba


Havana


Espanha

Barcelona

CCCB


Toledo


Madri

Museu do Prado

Museu Tyessen



França

Paris

Louvre

Pompidou

Museu de Arte Moderna

Musee d' Orsay

d'Orangerie

Rodin

Casa de Delacroix


Versalhes



Inglaterra

Londres

Tate Modern



Irlanda

Dublin



Portugal
Lisboa
Museu Nacional dos Azulejos



http://www.googleartproject.com/

Sobre o dia 16/03,... fora da rotina: Passaporte e Exposição Coletiva CONVERGÊNCIAS, em Guimarães/Portugal!!

Ontem, dia 16, não parei um momento sequer diante do Blog!
Meu comprimisso era com a Policia Federal! ...renovação do passaporte!! ...coisa boa!!!
Mais algumas ocupações domésticas e à noite, aula de História da Arte na faculdade.

Ah!! 
Mensagem importante recebida nesta sexta!!

Caro(a)s PROFESSORES-ARTISTAS DA UPM
DJALMA BARROS
KELLER DUARTE (Olha eu aqui!!)
LÚCIA CASTANHO
MARCOS RIZOLLI
MIRIAN CELESTE MARTINS
NORBERTO STORI
REGINA LARA
RITA DEMARCHI
 
Caras PROFESSORAS-ARTISTA ESPECIALMENTE CONVIDADAS
MARIA SILVIA BARROS DE HELD – EACH/USP
PAULA TAVARES – IPCA / PORTUGAL
TERESA ALMEIDA – FBA-PORTO / PORTUGAL
 
Venho apresentar algumas demandas relativas a curadoria da Exposição Coletiva CONVERGÊNCIAS que acontecerá em Guimarães/Portugal no período de 15 a 18 de abril de 2012, como evento cultural do WCCA 2012.
Para que a organização do WCCA possa nos oferecer a melhor estrutura expositiva, precisamos informar as características da obras a serem expostas. Assim, como curador da mostra, preciso das seguintes informações acerca das 02 ou 03 obras que cada um de vocês deverá apresentar para o evento. Espero o envio das informações ao longo da próxima semana (preferencialmente até quarta-feira).
NOME:
TÉCNICA:
DIMENSÕES:
DATA:
Gostaria de salientar que o deslocamento das obras para Portugal será efetuado por mim, com data de embarque determinado para o dia 12 de abril, com despacho aéreo de bagagem comum!
Assim, solicito que as obras selecionadas sejam de pequeno ou médio formato e disponibilizadas sem moldura.
 
O prazo para o acolhimento das obras será  04 DE ABRIL (uma quarta-feira).
 
Os mackenzistas poderão entregar as obras devidamente identificadas em meu gabinete (Edifício JC – sala 603).
SILVIA: combinarei diretamente a forma de recolher as obras de sua autoria.
PAULA E TERESA: o recolhimento das obras será realizado quando eu já estiver em Portugal.
 
Qualquer dúvida, por favor entrem em contato!
 
Cordialmente, Marcos Rizolli
______________________________________________________________________________
Já valeu o dia!!!
Afinal, não é todo dia que recebemos um convite como esse!!

Convite aceito.
E assim passou a sexta-feira,...

K.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobre a matriz visual na questão da linguagem da cor na fotografia


Palavras-Chave: Linguagem da cor; fotografia; William Eggleston; imagem

A invenção da câmera escura remonta o século V a.C. e foi desenvolvida no período do renascimento com o uso de lentes e espelhos. No entanto, foi a partir do século XIX, com a invenção das chapas fotossensíveis e o desenvolvimento do filme que as imagens puderam ser fixadas e se tornar permanentes.
James Clerk Maxwell (1831-1879) foi considerado o responsável pela primeira forma de reprodução fotográfica colorida em 1861. Mas foi em 1907, que os irmãos Lumière desenvolveram um projeto viável, conhecido como autocromo e que permaneceu até por volta de 1930.
A partir de 1930 o processo subtrativo, também conhecido como Kodachrome foi sendo aperfeiçoado e foi o responsável por toda a produção de impressão da fotografia colorida até a invenção da fotografia digital.
Com seu pioneirismo, William Eggleston (1939), fotógrafo americano, natural de Memphis, TN - validou o uso da cor na fotografia artística contemporânea, desde a década de 60.
No final da década de 60, Eggleston passou a usar filmes coloridos transparentes (filme para slides) provocando imagens de grande impacto.
Entre 1969 e 1971, Eggleston produziu uma coletânea de fotos que foi exibida no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York em 1976. Com essa exposição, ele inaugurou um importante marco para a fotografia de arte, a fotografia com cores.
Segundo Charlotte Cotton:
Não foi senão na década de 70 que os fotógrafos de arte que usavam cores vibrantes – até então domínio exclusivo da fotografia comercial e vernácula – encontraram um modesto nível de apoio, somente nos anos 90 a cor se tornou o elemento principal da atividade fotográfica (2010, p.12).

Do álbum 14 fotos -Edition of 15 Publicado em 1974 e distribuído pela Lunn Galeria/ Graphics International, Washington, DC – disponível em  http://www.egglestontrust.com/images/portfolios/14_pictures_a.jpg

De acordo com John Szarkowski, na introdução que faz ao William Eggleston’s Guide -1976, as fotos de Eggleston parecem ser sobre a casa do fotógrafo, sobre  o seu lugar, ou melhor, sobre a sua identidade. Contudo, as imagens de Eggleston são também sobre a fotografia, a qual pode ser considerada um sistema de edição visual.
Para Szarkowski, a “forma é talvez o ponto da arte. O objetivo não é fazer algo factualmente impecável, mas perfeitamente convincente. In photography the pursuit of form has taken an unexpected course. Na fotografia a busca da forma tem tomado rumo inesperado. In this peculiar art, form and subject are defined simultaneously. Nesta arte peculiar, forma e matéria são definidas simultaneamente”.
A pintura moderna, os filmes, a televisão a cores e as imagens impressas nas revistas, têm contribuído muito para a formação do olhar do fotógrafo de cor.
Para fotografar com cor é preciso pensar a cor não como uma questão à parte, mas como se o mundo existisse na cor, como se o azul e o céu fossem uma mesma coisa.

Wedgwood Azul - Poema de William Butler Yeats – Publicado em 1979 pela Chubb Caldecot, Nova Iorque. Disponível em http://www.egglestontrust.com/images/artist_books/wedgwood_blue_c.jpg

As imagens de Eggleston, se reduzidas a preto e branco, seriam quase estáticas, mas percebidas em cores, diferenciam-se tanto na composição quanto no seu significado.
Sendo assim, pode-se concordar com Szarkowski (1976) quando afirma que “uma imagem é, afinal, apenas uma imagem, um tipo concreto de ficção, não para ser admitida como prova rígida o como os dados quantificáveis dos cientistas sociais”.
O autor finaliza seu artigo dizendo que como imagens, essas parecem-lhes perfeitas, por sua visão particular, descrita com clareza, plenitude e elegância.
Nos seus primeiros ensaios fotográficos, Eggleston fotografava como num processo exploratório e é também num processo exploratório semiótico de análise das imagens fotográficas que pretendo me aventurar nesta pesquisa para então desencadear um processo criativo a partir das imagens fotográficas de modo não empírico, mas consciente das possíveis leituras e interpretações resultantes da imagem.
 Tendo como ponto de partida o capítulo V do livro A matriz visual e suas modalidades, do livro Matrizes da Linguagem e pensamento – Sonora, visual e verbal; de Lúcia Santaella, pude identificar a necessidade de me debruçar sobre uma bibliografia referencial para identificar e se possível sistematizar um método de leitura, interpretação e análise das imagens fotográficas como parte significativa no processo criativo de novas imagens.

Este texto foi desenvolvido e apresentado em Dezembro, 2010, para a disciplina Metodologias das Linguagens Artísticas,  sendo optativa neste Doutorado e tendo como orientadores o Prof. Dr. Marcos Rizolli e  a Profª. Drª. Regina Lara.
Reconheço nesse momento da minha pesquisa, (15/03/2012), a necessidade de aprofundar os estudos sobre a imagem e a linguagem da cor.
Para estudar sobre imagem, escolho o livro Imagem: cognição, semiótica, mídia, da autora Lucia Santaella e Winfried Noth. São Paulo, Iluminuras, 2008.
Para estudar a linguagem da cor:  FRASER, Tom e BANKS, Adam. O guia completo da cor. Tradução de Renata Bottini. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
Por hoje é isso,
K.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Estudando Bergson!

Nas primeiras horas da manhã, quando meu corpo, minha mente, meu espírito, meus pensamentos ainda estão mais leves, é para mim o melhor momento para leituras, principalmente leituras densas, leituras para modificar ideias e pensamentos, para reorganizá-los.
Assim é para mim ler Henri Bergson, como são também outros autores que possibilitam-nos levitar, meditar, que nos tiram do chão, que conduzem-nos num vôo, que nos libertam de algumas convenções, as mesmas que nos aprisionam em um pensamento rígido.
Exercício mental, flexibilidade  para o pensamento, isso também gera prazer.

E para falar em Bergson, inicio esse estudo a partir do livro Matéria e memória - Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito.
Nesse contexto, "a lembrança representa precisamente o ponto de intersecção entre o espírito e a matéria". (p.p.5)

Bergson usa uma expressão que me passa uma beleza sem proporções que eu alcance dimensionar, quando diz sobre a atenção à vida:
"Há portanto, enfim, tons diferentes de vida mental, e nossa vida psicológica pode se manifestar em alturas diferentes, ora mais perto, ora mais distante da ação, conforme o grau de nossa atenção à vida". (p.p. 7)

É UMA PERCEPÇÃO SONORA DA VIDA!

A percepção sonora aqui referida, é de um som não audível ao ouvido comum, e sim àquele que é percebido na mente. Por ora, só nos cabe sentí-lo!

Sobre a lembrança, diz: "Não teríamos acreditado [...] que pudesse haver conexão entre análise da lembrança e as questões [...] a respeito da existência ou da essência da matéria. No entanto, essa conexão é real: ela é inclusive íntima". (p.p 9)

Ou seja:

Entre a análise da lembrança  e a existência,
há uma conexão real e íntima.

Dois princípios como fio condutor para essa pesquisa:

1º.  a análise psicológica deve pautar-se a todo momento sobre o caráter utilitário de nossas funções mentais, essencialmente voltadas para a ação.
2º. os hábitos contraídos na ação, transpostos á esfera da especulação, criam aí problemas factícios, e que a metafísica deve começar por dissipar essas obscuridades artificiais. (p.p.10)

A partir dessa leitura inicial, pensando e conversando por telefone com a minha amiga Roseli, eu  concluo que NINGUÉM PERCEBE O MUNDO IGUAL AO OUTRO.

E ela me diz: é como aquela música: "Ninguém = Ninguém",...
E esta é a letra:

Ninguém = Ninguém 

Engenheiros do Havai

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém = ninguém
Me encanta que tanta gente sinta
(se é que sente) a mesma indiferença
Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém = ninguém
Me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
Entre duas pessoas
Entre quatro paredes
Tudo fica claro
Ninguém fica indiferente
Ninguém = ninguém
Me assusta que justamente agora
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
O que me encanta é que tanta gente
Sinta (se é que sente) ou
Minta (desesperadamente)
Da mesma forma
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais...
uns mais iguais...

Assista o videoclipe:
http://www.youtube.com/watch?v=J9tP5uj0ofM

E eu continuo: TODOS FORMAM IMAGENS E CADA UM FORMA IMAGENS DIFERENTES, AINDA QUE A PARTIR DO MESMO ESTÍMULO.

E ela então me diz: É isso mesmo!!!!

Por ora já está bom!
Obrigada, Bergson!

K.

terça-feira, 13 de março de 2012

"Declaro-me professora-artista"

Declaro-me professor-artista. Divido o meu tempo entre dois cenários: o estúdio de trabalho, onde tenho a disposição livros, revistas, materiais diversos, o computador, referências imagéticas, estudos, projetos, textos em execução etc., e a universidade, com o movimento de seus corredores e escadarias, o trânsito entre as salas de aula, o rumor das conversas animadas dos estudantes, o siêncio da biblioteca.
RIZOLLI, M.  2005, p.113


Marcos Rizolli é o meu orientador nesse processo de formação e titulação acadêmica. Foi meu professor e orientador no Mestrado e mais uma vez tenho o privilégio de compartilhar com ele ideias, textos, leituras, propostas de aulas, produções artísticas e acadêmicas,....
Declaro-me também admiradora do seu potencial intelectual e artístico.
E como sua orientanda, me vejo inserida no seu processo de orientação, como ele tão bem descreve no seu livro:

E com meus estudantes, estabeleço um nexo de ação: desenvolvimento de projetos artísticos pessoais +  disponibilidade às interferências teóricas + empenho na aquisição de informações históricas + movimento de prospecção do novo. Quase um método de desdobramentos infinitos. (2005, p.114)

Exemplo, experiência, conhecimento.

Com ele, exercito a dúvida e mantenho o ânimo da criação!

Por hoje é isso,
logo vou para a universidade,
tarde e noite!!

Até a próxima,
K.

Referência:
RIZOLLI, M. Artista, cultura, linguagem. Campinas, SP: Akademica Editora, 2005.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Entre: arte contemporânea e fotografia


Fala-se muito na aceitação da diferença, porém ela é rara.
Implica uma generosidade que não é espontânea e precisa ser conquistada.


(MILAN, Revista Veja, edição 2161 – ano 43 – nº16.
21 de abril de 2010. P.128)



Parece-me que para pensarmos de modo interdisciplinar necessitamos de uma generosidade, que como cita a autora, “não é espontânea e precisa ser conquistada”.
Sobre interdisciplinaridade, as primeiras palavras que me ocorrem são: interrelação, entre, associações, complementações, relações entre disciplinas, assim como, recorte e colagem, referindo-se ao que não é interdisciplinaridade.
Sendo assim, é a interrelação de assuntos diferentes. É perceber o que há entre um e e outro. São as associações de ideias. É tentar complementar, mesmo reconhecendo a incompletude.
A ideia de interdisciplinaridade nos propõe uma condição de novidade e atualidade.
E é nessa perspectiva interdisciplinar que proponho minha pesquisa atual.
...
Como a obra de arte contemporânea me afeta?
Para iniciar minha resposta recorro à resposta do artista Olafur Eliasson quando questionado sobre sua intervenção artística.
Em 2000, uma mancha verde invadiu um dos rios que atravessam Estocolmo. Por quase uma hora, os pedestres e os motoristas nas margens não sabiam o que pensar. [...] Dois dias depois todos ficaram sabendo que o responsável foi o dinamarquês Olafur Eliasson, um dos mais respeitados artístas plásticos vivos, o mesmo que oito anos depois criaria quatro cachoeiras artificiais e transformaria por cinco meses a paisagem de Nova York. mas por que manchar na surdina um rio com pigmento colorido não poluente? 
Eliasson responde por e-mail: 
O rio estranhamente verde fez com que as pessoas enxergassem o mundo de uma outra maneira.
Com somente uma frase, o artista resumiu uma das sensações mais ricas que as artes plásticas podem oferecer a seu público: um novo olhar diante das coisas. (MORESCHI. Maio, 2010. P. 59). 
Olafur Eliasson. Copenhague, Dinamarca, 1967; vive em Berlim. 
...  
Da disciplina História do Corpo no Ocidente, (2010) com orientação da Márcia Tiburi, surgiu um interesse pelo corpo, ou melhor, pela representação do corpo na arte contemporânea. 
Da leitura do texto “Corpo & Alma – Uma fração da fotografia contemporânea no Brasil”, de Roberto Pontual, do livro Crítica de Arte no Brasil (p. 407-412), veio a proposta da fotografia como linguagem na produção artística brasileira.
Iniciei algumas construções de mapas, uma cartografia por palavras...
                                                                                                                                  Voz
                                                                                                                                                              Corpo e alma
                          Representação do corpo
                                                                                                              Lembrança/ memória
                                                                          Álbum de família
                                                                                                                                       História de vida
                     Imagem
                                              Fotografia
                                                                              Arte contemporânea
                            Processo criativo                                                                                                                                      
                                                                     Técnica
                                                                                                                                    Poética
                 Linguagens híbridas e derivativas
                                                                                                            Mediação

Inaugurada a 29ª Bienal, fui dia 26/09/2010 fazer uma primeira visita, com olhar de quem procura, de quem quer ver pela primeira vez, solitariamente, para deixar-me ser tocada pela imagem, se é que isso ainda seria possível.
A fotografia era nesse momento um critério de escolha. Eu procurava inicialmente pela identificação da linguagem, a forma e o conteúdo se revelavam nesse processo, assim como a materialidade das propostas fotográficas apresentadas pelos artistas fotógrafos.

Primeiras escolhas:
Lygia Pape – Língua apunhalada, 1968
Antonieta Sosa – Peresa
Jonathas de Andarde – imagem/palavra
Carlos Vergara – fotografia 3D, 1972-76- 2010
Oscar Bony – A família obrera, 1968/69
Miguel Angel Rojas – Faenza, 1979 – Bogotá, CO
Arthur Barrio – SituaçãoO RHHH-69 - performance/fotografia
Sandra Gamarra   Heshiki – Museu Inventado – fotografia/pintura. 

Foi numa aula, da disciplina  Seminários Avançados – Arte Contemporânea, orientada pelas docentes Profª. Drª. Mirian Celeste Martins e Profª. Drª. Jane de Almeida do dia 29/09/2010, sobre Materialidade, que falamos sobre Rosângela Rennó.
Na pesquisa pela internet, confirmei o nome de Rosângela Rennó, Carlos Vergara e ainda identifiquei Alessandra Sanguinette que passou a integrar o grupo.
Foi proposto que elaborássemos um material para a mediação no dia do Seminário.
Assim propus meu roteiro considerando:
·      O museu já é um espaço para ver.
·      SILÊNCIO PARA VER!
·      Pensar mediação é pensar primeiro.
·      Preservar o espaço do silêncio!
·      Como ampliar a potencialidade dos signos e de suas interpretações?

E assim desenvolvi a proposta para conduzir o meu roteiro no Seminário do dia 20/10/10, apresentando os artistas fotógrafos Alessandra Sanguinetti, Rosângela Rennó, Jonathas Andrade e Carlos Vergara.
 

A fotografia artística contemporânea tem entre suas temáticas privilegiadas, às da vida íntima e doméstica. Da linguagem da fotografia doméstica e dos instantâneos de família para uma exposição pública.
“O que importa é a presença das pessoas que amamos, num evento ou momento significativo que nos inspirou a tirar a foto” (COTTON, 2010, p.137).
 

Observando ainda o campo da temática, temos na obra de Rosângela Rennó (Belo Horizonte, MG, 1962. Vive e trabalha no Rio de Janeiro - Brasil), a memória como temática contemporânea. “Guardar vestígios do que passa muito rapidamente” é para a artista a marca da sua poética. 


Jonathas Andrade, alagoano radicado em Recife, este artista de 28 anos vem produzindo trabalhos em que sobrepõe vozes e tempos anteriores a ele. Em “Educação para Adultos”, apresenta um mural gráfico que é resultado de um laboratório feito a partir de cartazes, pesquisas, encontros e discussões sobre o método pedagógico para adultos de Paulo Freire.


E Carlos Vergara, surpreendente com a fotografia 3D!!!   
Walter Benjamin, no texto Pequena história da fotografia, nos conduz a uma reflexão sobre a fotografia considerando-a como arte ou será a arte como fotografia? 
 
“Quando o daguerreótipo, essa criança gigantesca,
tiver alcançado sua maturidade, quando toda sua arte
e toda sua força se tiverem desenvolvido,
o gênio o segurará pela nuca, subitamente, clamando:
 Aqui, tu me pertences agora! Trabalharemos juntos”.
Com essas palavras,
Antoine Wiertz, saudava, em 1855, o advento da fotografia.
(BENJAMIN, 1994, p.106)


Ver também:

Revista Trama Interdisciplinar   

v. 2, n. 1 (2011)

A fotografia como arte contemporânea

Keller Regina Viotto Duarte
Resumo

COTTON, C. A fotografia como arte contemporânea. Tradução Silvia Maria Mourão Netto. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 248 p.

Texto completo: PDF
http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/tint/article/view/3982

Referências:
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e politica: ensaios sobre literatura e historia da cultura. Trad. Sergi o Paulo Rouanet. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas; vol. 1)
COTTON, Charlotte. A fotografia como arte contemporânea. São Paulo, WMF Martins Fontes, 2010.
MORESCHI, Bruno. Captou nossa mensagem? Artigo publicado na revista Vida simples. Edição 92. Maio, 2010. P. 59) 
PONTUAL, Roberto. Corpo & Alma – Uma fração da fotografia contemporânea no Brasil. In FERREIRA, Glória (Organ.) Crítica de arte no Brasil: temáticas contemporâneas. Rio de Janeiro, Funarte, 2006.